fui para uma faculdade onde apenas o meu curso não tinha praxe e, portanto, não fui praxada. ninguém me veio pintar a cara quando me fui matricular nem fazer seja o que for que fazem nas praxes. por causa disso passei os primeiros 3 dias de aulas no corredor mais movimentado da faculdade a ver gente a passar e olhar para a morte da bezerra sem falar com ninguém, eu e os meus colegas, porque ninguém nos disse que os professores estavam a faltar. não foi por isso que não me integrei e que não fiz amigos ao longo do curso. já um amigo meu, um ano mais velho, a frequentar outro curso na mesma faculdade foi praxado e detestou os anos que passou em Lisboa, obviamente que não foi por causa da praxe (acho que até gostou) mas não fez os tais amigos para a vida nem se integrou assim tão bem. no ano a seguir também não fui praxar, como é óbvio.
fast forward uns anitos e voltei a entrar na faculdade (outra), desta vez através de concurso especial e por isso a minha matrícula foi feita já a meio da 'semana de praxes'. e também ninguém veio ter comigo a perguntar-me o que quer que fosse. conclusão, segundo ano caloira, segundo ano sem ser praxada. por acaso a minha turma praticamente toda se deu muito bem durante o curso e diria até que sempre fomos muito unidos. tirando a timidez inicial que todos temos em qualquer situação, também não precisei da praxe para me integrar ou fazer amigos.
só que aqui a história foi efectivamente outra. eu e uma colega (também já licenciada e que já tinha passado pela praxe na outra faculdade) queríamos participar nos jantares e actividades dos caloiros com os nossos amigos e a resposta foi a mais hilariante possível. tínhamos que enviar um e-mail para a comissão de praxe a pedir autorização porque não tínhamos sido praxadas e não podíamos nunca faltar as actividades e blábláblá. quando respondemos que éramos ambas trabalhadores-estudades e que não podíamos ir a todas as actividades mandaram-nos passear. 1-0 para a integração.
chega-se ao fim do ano e todos os nossos amigos iam ao enterro do caloiro e alguns traçar a capa. fomos novamente tentar 'integrar-nos' no processo e depois de andarmos a ser chutadas de umas pessoas para as outras disseram-nos que sim, depois que não, depois que talvez e por fim que podíamos participar desde que no próximo ano fossemos a todas as actividades de praxe para ser praxadas com os outros caloiros. 2-0 para a integração e aqui mandámo-los definitivamente passear. já agora, dos meus colegas todos que foram praxados e dos (menos) que trajaram apenas 2 ou 3 estiveram a praxar só no ano seguinte (no 3º ano acho que ninguém lá foi).
no fim disto tudo, a minha opinião sobre a praxe? acho que 95% é ridícula e podia bem ser descartada. acho as aulas fantasma engraçadas e, daquilo que conheço, pouco mais (uma ou outra situação que já me contaram de várias praxes). 95% é uma situação de humilhação, de violência psicológica e que não serve nem para criar amizades nem para integrar os caloiros.
Sem comentários:
Enviar um comentário